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Após saída de ministério, Nísia diz que Lula pediu 'mudança de perfil' à frente da Saúde


Essa foi a primeira declaração pública da ministra da Saúde após ser informada pelo presidente Lula sobre sua demissão. Nísia será substituída por Alexandre Padilha, atual chefe da pasta das Relações Institucionais. Nísia Trindade fala sobre saída do ministério da Saúde

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou nesta quarta-feira (26) que, ao comunicar a sua demissão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) justificou que precisava fazer uma "mudança de perfil".

Nísia recebeu a notícia do presidente na tarde desta terça (25) durante uma reunião no Palácio do Planalto. Ela será substituída por Alexandre Padilha, atual chefe da pasta das Relações Institucionais.

Lula demite Nísia Trindade do Ministério da Saúde; Alexandre Padilha assume a pasta

"A conversa com o presidente tem o tom dele me comunicar sua avaliação desse segundo momento do governo, vamos dizer assim. E que ele achava importante uma mudança de perfil à frente do Ministério da Saúde e me agradecendo pelo trabalho realizado", afirmou Nísia.

Essa foi a primeira declaração pública de Nísia após a decisão do governo. Ela conversou com jornalistas na porta do Ministério da Saúde.

🔎A troca de comando, contudo, será oficializada durante cerimônia de posse marcada para 6 de março.

Nesta manhã, Nísia mencionou ainda que o presidente argumentou que as "dimensões técnico-políticas" são importantes nesse momento.

"É avaliação do presidente. O que disse para ele é ele é um técnico de um time, faz parte da vivência de qualquer governo substituição de ministros. Isso nada depõe em relação ao meu trabalho. Sou muito consciente disso", completou.

Nísia também criticou notícias que circularam na imprensa antes de sua demissão (leia mais abaixo).

Nísia Trintada, ministra da Saúde

Reprodução/ CanalGov

Especulação sobre demissão

A demissão de Nísia já era especulada há semanas, como parte de uma reforma ministerial em etapas para fortalecer a posição do governo Lula em duas áreas críticas: a relação com o Congresso e a recuperação da popularidade junto ao eleitorado.

Lula deve tentar dar um perfil mais político aos seus ministérios. Ele vem cobrando que os ministros defendam os feitos do governo, e deve tentar também abraçar indicações do Centrão (bloco informal na Câmara dos Deputados que reúne parlamentares de legendas de centro e centro-direita.

Socióloga de formação, Nísia ficou famosa por ter presidido a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entre 2017 e 2022 — período que incluiu os anos críticos da pandemia de Covid-19 (veja biografia completa abaixo).

Ela foi anunciada ministra da Saúde ainda durante a transição do governo Lula, como um aceno à comunidade científica e uma tentativa de demarcar a mudança de posição em relação ao governo Jair Bolsonaro e ao negacionismo científico.

No Ministério da Saúde, no entanto, Nísia enfrentou seguidas crises e críticas por não ter o traquejo político necessário para lidar com o maior orçamento da Esplanada dos Ministérios – e com a demanda de parlamentares por emendas e reuniões, por exemplo.

Em fevereiro de 2024, o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários enviaram um requerimento formal a Nísia para cobrar a liberação de emendas parlamentares na Saúde. Em resposta, a pasta disse que seguia "critérios técnicos".

Na manhã desta terça (25), quando os rumores de uma troca no Ministério da Saúde já se avolumavam, Lula e Nísia comandaram uma solenidade para anunciar projetos na área de fabricação nacional de vacinas. Nísia foi bastante aplaudida ao ser anunciada ao microfone.

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