A intenção do governo é isentar renda de até R$ 5 mil da cobrança do IR. Para compensar a perda de arrecadação, a equipe econômica pretende taxar quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, o equivalente a R$ 600 mil por ano. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta quinta-feira (13) que o governo federal pretende enviar, na próxima semana, o projeto de lei que prevê a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil.
As declarações foram dadas após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Essa é a primeira visita da nova ministra, que tomou posse nesta semana, a um colega da Esplanada. Hoffmann será responsável pela articulação política do governo.
"Ontem, nós enviamos uma MP muito importante, que é do crédito consignado pro setor privado. Essa é uma pauta fundamental pra nós e fundamental pro povo brasileiro. Semana que vem nós vamos apresentar o projeto da isenção do imposto de renda até R$ 5 mil", declarou Gleisi.
A intenção do governo é isentar renda de até R$ 5 mil da cobrança do Imposto de Renda, uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para compensar a perda de arrecadação, estimada inicialmente em R$ 35 bilhões, a equipe econômica pretende taxar quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, o equivalente a R$ 600 mil por ano.
Segundo a área econômica, a alíquota vai aumentar progressivamente para quem recebe acima desse valor até chegar aos 10% para quem tem renda de mais de R$ 1 milhão.
De acordo com o governo, hoje, a alíquota efetiva para os 1% mais ricos é de 4,2%. Já os 0,01% mais ricos pagam 1,75% de Imposto de Renda.
A isenção do IR para R$ 5 mil beneficiará 32% dos trabalhadores, aqueles que ganham mais de dois salários mínimos
Segundo a ministra Gleisi Hoffmann, o projeto será uma das prioridades do governo no Congresso, assim como a medida provisória (MP) que prevê abertura de uma modalidade de crédito consignado para profissionais do setor privado.
Questionada sobre novas medidas de cortes de gastos, apontadas por economistas como necessárias para manter o arcabouço fiscal em pé pelos próximos anos, a ministra afirmou que não há projetos tramitando no Legislativo sobre o tema neste momento.
"Nós fizemos já as medidas de ajuste fiscal no final do ano que foram importantes. Se vocês acompanharam isso, teve um esforço do Congresso para fazer. Entregamos um resultado fiscal relevante esse ano (...) Agora o foco são nessas medidas que eu falei e que são as prioridades da área econômica", afirmou Gleisi Hoffmann.
Corte do Bolsa Família
Na quarta-feira (12), o governo enviou um ofício ao Congresso que prevê um corte de R$ 7,7 bilhões do orçamento do Bolsa Família em 2025. O Projeto de Lei Orçamentária deste ano ainda depende de aprovação dos parlamentares.
Em entrevista a jornalistas, Gleisi negou que seja um corte orçamentário. A ministra disse que se trata de um "ajuste" para encaixar outros programas sociais no orçamento. O programa Pé-de-meia e o vale gás, por exemplo, ainda não foram incluídos nas contas do governo para este ano.
"Esse é só um ajuste, não é um corte, isso não mexe em nada com os beneficiários, foi um ajuste que nós tivemos que fazer para ter o espaço fiscal de alguns outros programas e aí vai recuperando ao longo do ano", declarou a ministra.